Cruzes e Cruzeiros
O símbolo da cruz é muito primitivo, podendo-se dizer que nasceu com o Humanismo.
O homem com os seus braços abertos projecta a figura de uma cruz, passando o seu símbolo
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          Nesta aldeia existem nada memos que quatro cruzeiros, alguns dos quais de rara beleza. Para alem das cruzes que formam a via-sacra existem outras com interessante significado histórico-cultural.

     Fazendo a caminhada de Norte para Sul encontramos o cruzeiro que apresenta melhor porte; está situado junto à estrada, no Alto do Facho na encruzilhada com caminho do Almeirinho. Referimo-nos ao cruzeiro do senhor dos Desamparados. Sabe-se que, primitivamente, foi implantado bastante mais afastado da aldeia no caminho que seguia para a Teixogueira, mais exactamente no local denominado Oleira. Foi mandado construir pelo bisavô da professora D Mana Ferreira Dias o senhor Miguel de Sá Tenreiro. Desconhecem-se pelo qual foi implantado na Oleira mas sabe-se que por ocasião da revolta de Paiva Couceiro, as tropas do Regimento 24 de Aveiro, cometeram o condenável acto de o deixarem meio destruído. Mais tarde no ano de 1924 um neto do fundador Padre Albano Tenreiro Dias com a ajuda do povo, procedeu ao seu restauro e trasladação para o lugar actual. Este cruzeiro é constituído por uma excelente estrutura em granito cinco degrau, duas colunas cilíndricas ornamentadas por capitéis rectangulares. No centro, está implantada numa peanha uma Cruz, ricamente talhada, sobre esta, está, bem no alto, pintada a imagem de Cristo, junto à base da mesma, a de sua mãe Maria santíssima. Este testemunho de fé em Cristo e em Nossa Senhora à muito venerada pelas gentes de Outeiro Seco. Ainda hoje, não deixam de fazer as suas orações sempre que por ali passam. Na Sexta Feira Santa, bem de manhãzinha, é costume fazer-se a via-sacra presidida pelo Sr. Padre da paróquia e com a presença de muita gente, desde a capela da Sra. do Rosário - no centro da aldeia - ate este belo cruzeiro. Nesta distância, cerca de 2 quilómetros, estão implantadas as cruzes que dão corpo à via-sacra, e junto de cada cruz processam-se as orações apropriadas a cada estação.

 

 

 

 

 

Continuando a caminhar no mesmo sentido, vamos encontrar em frente da capela da Senhora da Portela, o segundo cruzeiro. Este tem uma estrutura singela e parece enquadrar-se no estilo da capela, fazendo crer que tenham sido construídos na mesma época.

 

 

 

Mais abaixo, no bairro do Eiró e no antigo largo da oliveira da saúde, mesmo em frente da entrada principal para o pátio do Solar dos Montalvões, encontramos o terceiro cruzeiro, este quito interessante pela sua configuração.  Esta assente sobre uma peanha de quatro degraus, no cimo do qual se encontra de forma arredondada, uma pedra de encabadouro.  A magnífica cruz, o globo a representar a terra, o capitel onde o globo está instalado, e o fuste de fino recorte, constituem um todo harmonioso e muito belo. Esta construção é provavelmente do século  XVIII, e à quem afirme que só no ano de 1927 é que foi instalado neste local, tendo sido trasladado do largo do tanque, junto à capela de N. Senhora do Rosário.

 

 

 

Continuando a caminhada no mesmo sentido, ao terminarmos a passagem pelo bairro do Pontão, mesmo junto à Escola primaria, detectamos mais um cruzeiro, o quarto. Também tem uma cruz de fino recorte, com um fuste cilíndrico, implantado numa peanha com cinco degraus. O local no constitui nenhuma encruzilhada, o que faz super que tenha vindo de outro sitio por motivos que se desconhecem.

 

 

 

 

 

    Estes cruzeiros enriquecem o património artístico e cultural de Outeiro Seco, para além de deixarem bem vincada a profundidade da fé deste povo que num passado já distante quis deixar-nos este valorosos testemunho.