Não se sabe exactamente quando este templo passou à categoria de igreja Matriz de Outeiro Seco. Consta que foi provavelmente antes de 1586, data em que se lavrou uma escritura de obrigação de bens à fábrica da ermida de S. Círiaco, nesta freguesia, já sob o orago do Arcanjo S. Miguel conforme registo na Sé de Braga, caixa 252, nº. 39. O dicionário Geográfico do Padre Luís Cardoso, descreve esta igreja de S. Miguel, tal qual era em 1758, referindo que no altar-mor, da parte do evangelho, estava em uma peanha, a imagem do Menino Jesus; do lado da epístola, a Senhora da Natividade; e no meio da tribuna, S. Miguel “em vulto”.

Nos dois altares colaterais, o do Evangelho, era da invocação dos Santos Reis que lá estavam pintados num painel, já o da Epístola, Santa Luzia e S. Sebastião.

Pela descrição em epígrafe, fácil é concluir, que a igreja sofreu importantes alterações ao longo dos tempos o que nem é de estranhar, dado que a sua origem remonta ao Século dezasseis. Sempre que, por necessidade de conservação e reparação se processam restauros, existe a tentação de fazer modificações ao modo de cada época pondo de parte o passado. Isto acontece não por mal mas, na maior parte dos casos por puro desconhecimento do valor do que |é antigo, praticando desse modo autênticos atentados ao legado dos nossos antepassados. Atente-se no facto de na igreja não existirem sequer vestígios dos Santos Reis e de S. Sebastião; o próprio padroeiro S. Miguel pintado em painel deve ter mudado do altar-mor para o meio do arco que faz a divisão com a nave. A talha dourada do altar-mor, em estilo barroco, é posterior à origem da igreja - fins do Século XVII, princípios do Século XVIII.

 Segundo o parecer dos técnicos que em 1991 procederam ao seu restauro, os altares colaterais passaram de dois para quatro. Por certo que isso provocou um aumento da área da própria igreja.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Situada em zona altaneira, fácil é localiza-la no meio do casario, destacando-se com a sua torre sineira e seus dois distintos sinos. Nela se processam a grande maioria dos actos religiosos da aldeia e nela encontram os outeirosecanos o ambiente mais propício para as suas orações e encontro com Deus e os irmãos. Desde a missa dominical baptizados casamentos crisma e ate funerais, este templo serve de casa de orações para toda a comunidade paroquial. No momento encontra-se em bom escudo de conservação possui no seu inferior algumas esculturas de respeitável valor, para alem do altar-mor em talha dourada. A zona envolvente também merece um aplauso de simpatia dado que principalmente na Primavera e Verão, nela se podem admirar lindos canteiros de flores.

Sendo S. Miguel o padroeiro desta freguesia, ao mesmo é dedicado uma festa no dia 29 de Setembro de cada ano. Não tendo o mesmo fulgor e brilho que a festa da Senhora da Azinheira (Padroeira), no deixa no entanto de ser feita. O povo colabora com entusiasmo e devoção. Outrora na falta de quem mandasse armar um andor para o Arcanjo, este era transportado à cabeça, pelas ruas da aldeia pelo já falecido Miguel Pereira. Este devote no queria deixar de prestar |essa homenagem ao santo (Arcanjo) do seu nome.

Lamenta-se que no existam registos cronológicos das transformações que este templo tem sofrido ao longo dos séculos. E toda uma historia que se perde na memoria dos tempos. O mau habito de fazer as coisas e deles no deixar registos, acaba sempre por colocar aos vindouros uma tarefa bem difícil de dirimir e que se consubstancia na vontade de conhecer exactamente as origens daquilo que outros construíram e vai ficando a marcar vidas passadas.