Situada no monte do mesmo nome, qual recanto sagrado, ali impera o silêncio e o bucolismo do lugar. Dali não só se divisa, a uns escassos 600 metros, o templo românico de nota Senhora da Azinheira, como se tem uma vista panorâmica da aldeia que lhe fica a Norte e implantada a partir da encosta deste monte. O pinhal que a envolve serve para propiciar agradáveis sombras no Verão justificando a organização de piqueniques e de simples passeios de laser. É em suma, um miradouro natural e uma das zonas mais bonitas desta aldeia.
Sobre esta capelinha muito se tem escrito, sendo várias as personalidades que à mesma têm dedicado uma atenção muito especial. A seguir são transcritas, as palavras que o professor Manuel José Carvalho Martins deixou na revista sobre Outeiro Seco – Passado e Presente – designadamente:
“ Ao visitante de Santa Ana apetece-me dizer-lhe como Jeová a Moisés : Descalça as sandálias dos teus pés porque o terreno que pisas é sagrado” Ex. III, 5. “ É que, já dentro da muralha exterior do Castro de Santa Ana, lá está ainda, embora mutilado, o maciço de penedia com marcas visíveis de degraus para a subida ao altar rupestre. Lá nesse altar de pedra nessas lajes sacralizadas, almas primitivas a que chamaram pagãs comunicaram com o mundo dos seus deuses.”
E mais adiante, o mesmo afirma:
''Avisadamente, o Pe. Luís Cardoso no Dicionário Geográfico, escreveu que a capela de Sta. Ana servia de altar a uma fraga, pois está em um outeiro. Aquele bom povo de antanho, em bom latim, denominava-o “Altarium” hoje em bom português, chamamos-lhe Outeiro ''
Depois explica como derivando de Altarium se chegou, já no século X, a Outeiro, o que, para os naturais desta terra, tem um significado muito especial porque esclarece as origens do nome da aldeia.
Existe ligada a esta capelinha de Santa Ana, a seguinte lenda:
Em tempos remotos, a mãe da Virgem Maria, Santa Ana, apareceu sobre a dita fraga. O povo mandou fazer a sua imagem e colocou-a sobre a mesma. Porém alguém entendeu que a mãe deveria ficar junto da filha, e por isso levou-a para a Igreja de Nossa Senhora da Azinheira. No dia seguinte, foi verificado que afinal Santa Ana deixara a igreja e voltara para a fraga.
Novamente o povo repetiu por varias vezes a acção mas sempre com os mesmos resultados.
Compreendeu então o desejo de Santa Ana e logo edificaram sobre a fraga uma capelinha que a ela dedicaram. Jamais a Santa abandona o local. Ainda hoje, no dia 8 de Setembro Santa Ana é incorporada na procissão da festa anual à padroeira mas logo é levada para a sua capelinha não vá a Santa ficar magoada e repetir o que fez outrora.